Segurança de alimentos é assunto sério.
Os dois surtos da bactéria E. coli que afetaram em 2015 os restaurantes da popular rede de restaurantes Chipotle, nos Estados Unidos, trouxeram à tona mais uma vez o risco de intoxicação apresentado por alguns alimentos.
A forma como os alimentos são processados hoje em dia cria várias chances para que agentes patogênicos cheguem a nossas mesas.
E, como foi demonstrado no caso da rede Chipotle, está cada vez mais difícil rastrear as fontes destas contaminações.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC na sigla em inglês ) anunciou nesta semana que os surtos de E. coli na rede de restaurantes parecem ter acabado.
Mas o CDC não conseguiu encontrar as causas do surto que afetou cerca de 60 pessoas em 11 Estados americanos, 22 delas em estado grave.
“A prova epidemiológica recolhida durante a investigação sugere que um produto alimentício comum ou um ingrediente servido nos restaurantes do Chipotle Mexican Grill foi a causa provável dos dois surtos”, afirmou o órgão em uma declaração.
“A investigação não identificou um alimento ou ingrediente específico vinculado à doença”, acrescentou o CDC.
O surto de E. coli na rede Chipotle não é um caso isolado de falha de segurança de alimentos.
De acordo com o CDC, a cada ano nos Estados Unidos cerca de 48 milhões de pessoas ficam doentes devido a algum problema com origem na alimentação.
Destas, 128 mil precisam ser internadas e cerca de 3 mil morrem por causa destas doenças.
Bill Marler, advogado e especialista em segurança de alimentos, representou vítimas de quase todos os surtos de intoxicação que ocorreram nos Estados Unidos nos últimos 20 anos, incluindo os últimos casos relacionados à rede Chipotle.
Marler acaba de publicar em uma revista online, a Bottom Line Health, uma lista com seis alimentos que, segundo ele, jamais comeria.
O que o especialista em segurança de alimentos não come:
1. Leite e sucos sem pasteurização
Segundo Marler, estes alimentos podem estar contaminados com vírus, parasitas e bactérias como a Salmonella, E. coli e Listeria.
O CDC informa que, entre 1993 e 2006, cerca de 1,5 mil pessoas ficaram doentes nos Estados Unidos por consumir leite “cru”, sem pasteurização, ou queijos produzidos com este tipo de leite. O leite sem pasteurização tem 150 vezes mais chances de causar doenças do que os produtos lácteos pasteurizados.
Da mesma forma, a advertência se aplica aos sucos não pasteurizados, muitos populares em lojas de produtos saudáveis ou comprados nas ruas, feitos de frutas, que podem conter bactérias perigosas.
De acordo com Marler, o mais seguro é verificar se a embalagem do suco tem uma etiqueta afirmando que “este alimento foi pasteurizado”.
2. Brotos ou germinados (de soja, feijão, alfafa etc) crus
Desde o meio da década de 1990 os brotos crus ou levemente cozidos já foram ligados a mais de 30 surtos bacterianos nos Estados Unidos, principalmente causados por Salmonella e E. coli.
Em 2011, quase 4 mil pessoas ficaram doentes e 53 morreram devido a uma intoxicação na Alemanha cuja causa foi justamente a E. coli em brotos.
Em 2014, um surto de Salmonella em brotos de feijão levou 19 pessoas para o hospital nos Estados Unidos.
3. Carne malpassada (inclusive hambúrguer)
A carne moída tem risco de contaminação de bactérias como a E. coli
Para Marler, os hambúrgueres sempre devem estar bem cozidos.
“A razão de os produtos moídos serem problemáticos e necessitarem um bom cozimento é porque qualquer bactéria que está na superfície da carne pode contaminar o interior”, afirmou.
Assim, se a carne moída não for cozida a 70 graus interna e externamente pode causar intoxicação por E. coli, Salmonella e outras bactérias.
Marler afirma que também há problemas na técnica de maceração dos bifes: a prática de furar a carne com uma agulha para amaciá-la e que pode transferir micróbios da superfície para o interior da carne.
Se a carne está macerada, Marler afirma que prefere comer o bife bem passado. Se não está, escolhe o bife ao ponto.
4. Frutas e vegetais que se vendem lavados ou cortados, “prontos” para comer
“Fujo destes como se fosse uma praga”, disse Marler.
O especialista afirma que quanto mais se manipula e processa um produto, maior é o risco de contaminação.
Nos últimos anos houve um grande aumento nas vendas de saladas, frutas ou verduras lavados, cortados e prontos para o consumo.
Para Marler, a “conveniência é maravilhosa, mas acho que, às vezes, não vale a pena assumir o risco”.
O especialista compra frutas e verduras sem lavar nem cortar, em pequenas quantidades, e as consome em um prazo de três a quatro dias para reduzir o risco de listeria, uma bactéria letal que prospera dentro da geladeira.
5. Ovos crus ou semi-crus
Os investigadores não conseguiram encontrar a fonte dos surtos na rede Chipotle
Apesar de no final da década de 1980 uma epidemia de Salmonella na Grã-Bretanha ter transformado o ovo em inimigo número um, muitas pessoas não deixaram de consumi-lo cru.
O ovo é um dos alimentos mais nutritivos e econômicos do mundo, mas tem muitos riscos. Para evitar doenças, os especialistas recomendam armazenar os ovos na geladeira e servi-los após cozimento.
6. Ostras e outros moluscos crus
Segundo Bill Marler os moluscos crus, principalmente as ostras, estão causando cada vez mais intoxicações.
Ostras, como outros moluscos, são animais filtradores e absorvem tudo o que está na água.
A teoria do especialista é que o aumento da temperatura das águas do mar aumentou o desenvolvimento de micróbios. Portanto é preciso ter cada vez mais cuidado com estes produtos.
“As ostras são animais filtradores, quer dizer, recolhem tudo o que está na água. Se existe bactéria, ela entra em seu sistema e se você comer esta ostra terá problemas”, afirmou.
“Vi muito mais casos disto nos últimos cinco anos do que nos últimos 20. Simplesmente não vale a pena o risco”, acrescentou.
Em resumo, temos que evitar muitas coisas! Você evita algum alimento preocupado com seus riscos?
O que você leva em consideração?